segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

João Brito de Araújo e a Pirâmides Brasília S.A. Indústria e Comércio no Jardim São Luiz/SP

O Bairro Jardim São Luiz e seu povo

A Rua João Brito de Araújo, situada no bairro Jardim São Luiz, São Paulo, foi assim denominada pelo Decreto nº 12.938 de 14 de maio de 1976.

João Brito de Araújo nasceu na cidade de São Paulo, no bairro Piraquara, próximo ao atual Shopping Ibirapuera, em 18 de julho de 1935. Era filho de Felício Brito de Araújo e de Brasilina Camargo Araújo, tendo como irmãos Maria Aparecida, Maria de Lourdes, e Sérgio Araújo. Os pais incentivavam os filhos, educando-os para assumir as responsabilidades da vida.

Naquela época, São Paulo estava em franca expansão, mas as dificuldades eram muitas, pois não havia estrutura suficiente para comportar grande contingente migratório, o que resultava em poucas oportunidades que deveriam ser agarradas com vontade e ímpeto ao trabalho que se apresentasse.

O menino Zinho, apelido carinhoso de João Brito de Araújo dos tempos de criança, conseguiu sua formação básica com muito esforço. Santo Amaro estava em franco desenvolvimento com um grande parque industrial e era propício para jovens com ímpeto e ideal buscarem sua formação profissional em escolas financiadas pela indústria e comércio, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, SENAI, e foi dessa maneira que João Brito superou todos os obstáculos, vencendo-os com muito esforço.
Quando jovem, na zona sul, extravasava toda sua alegria, estripulias e felicidade de menino simples e sorridente, pacato, buscando aproximação daqueles do convívio cotidiano. Casou-se, em 1958, com D. Maria Aparecida, jovem do interior paulista nascida em Bauru, no sítio Cabrália. O enlace ocorreu na igreja de Santo Amaro. Dessa união nasceram quatro filhos: Maria Estela, Walter, Wilma e Fátima. 





O futebol era uma de suas paixões, participando nas agremiações futebolísticas do bairro Piraquara, como o Guarany de Indianópolis, (Moema), depois fez parte do elenco da empresa Laborterápica[1], em Santo Amaro onde trabalhou e o Esporte Clube Jardim São Luiz, além de vestir a camisa do "scratch" da empresa Pirâmides Brasília S.A. Indústria e Comércio, também conhecida como Pira Spuma, participando no quadro principal sua presença de atleta exemplar mesmo nas ardorosas disputas memoráveis defrontando-se com times locais na região de Santo Amaro.

Em 1960 a família Araújo mudou-se para o Jardim São Luiz, à Rua 39, atual Rua Geraldo Antonio Coelho.
O bairro do Jardim São Luiz recebia os trabalhadores que se deslocavam a procura de trabalho. O bairro estava ainda em formação e possuía bela vista panorâmica da cidade, mas somente foram implantados arruamentos sem qualquer infra-estrutura básica.

A falta de água encanada, associada à dificuldade de perfuração do solo rochoso para poços de abastecimento de água, no Bairro Santa Cecília, nas proximidades onde a família Araújo morava e onde havia algumas “casas de companhia” obrigou a proprietária do empreendimento a construir, nos arredores, uma caixa d'água coletiva.

Maria Aparecida e seu cunhado, Tomás de Souza, tipógrafo, em contato com o senhor Arnaldo, da empresa Pirâmides Brasília S.A. Indústria e Comércio, do ramo de colchões e diversificada também para o ramo plástico, onde João Brito de Araújo trabalhava, que estava localizada na antiga Avenida São Luiz, hoje denominada Avenida Maria Coelho Aguiar, no bairro Jardim São Luiz, conseguiram empréstimo para adquirir o terreno da antiga Rua 8, hoje denominada rua João Brito de Araújo, concretizando o sonho da casa própria.

Propiciava muitas alegrias às crianças vestindo-se de Papai Noel transbordando sua caridade em dar "um pouco a quem não tinha muito", sorridente como sempre, por exemplo no Lar Maria Albertina, um internato fundado em 19 de abril de 1959, na Rua Nova Tuparoquera, nº 520. 

 A  Pirâmides Brasília S.A. através do empresário Sami Koudsi não media esforços para proporcionar essa festa natalina, um pouco de alento as meninas órfãs cuidadas pelas religiosas Irmãs Franciscanas de Ingolstatd, sendo hoje um Centro de Educação Infantil com o objetivo voltado para a pedagogia integral da criança, complementando a ação da família e da comunidade. O Lar Maria Albertina benemérita instituição de São Paulo teve como fundador Werner Sack[2].



Em homenagem João Brito de Araújo o "Jornal Informativo da Organização para o Funcionário da Pira Spuma Exportação", edição extra de novembro de 1972, legou em manchete o tributo justo daquele que cumprida sua missão teve seu passamento ocorrido em 9 de novembro de 1972, um exemplo a todos jardinenses.


Fonte: Depoimento de Maria Aparecida Souza Araújo, esposa de João Brito de Araújo, concedido aos 16/09/2006. (Foto acima)




[1] Vide: Laborterápica: Fim de Mais um Capítulo em Santo Amaro/SP

[2] Werner Sack nasceu em 1903. Dedicou-se à filantropia, sendo fundador do Lar Maria Albertina benemérita instituição situada no Bairro Jardim São Luiz, em São Paulo. Faleceu em 25 de outubro de 1960. http://www.larmariaalbertina.org.br/sobre-o-lar/historia/  

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

SÃO PAULO SEMPRE ALAGOU E O HOMEM NÃO APRENDEU!

A natureza não se vinga, apenas exige respeito!

Sempre que se inicia um novo ano temos notícias de enchentes em São Paulo!
 Por que será que a cidade inunda de uma hora para outra nestas chuvas de verão?

São Paulo tem um sistema hídrico impressionante e os povos indígenas viviam ao redor desses cursos de águas, mas sempre no planalto, nos lugares mais elevados, nunca em escarpas, elevações de encostas, jamais próximos a margens dos rios, haja vista que o marco zero, onde foi instituída a cidade de São Paulo de Piratininga era o lugar da aldeia de Tibiriçá e onde foi edificado um colégio religioso (embora alguns estudiosos citam o lugar da aldeia como sendo nas proximidades do Mosteiro São Bento atualmente) e que os colonizadores aproveitaram como base de observação da “boca do sertão” de todo vale circundado por rios como Anhangabaú, Tamanduateí, e tantos ribeirões que alimentavam esses e corriam para um rio maior, o Tietê!

Todas as aldeias com suas moradias ficavam acima dos rios que possuíam suas várzeas férteis e alagavam suas margens e voltavam a condição natural nos tempos mais secos.


Reconstrução “hipotética” da Aldeia de Tibiriçá (*), no planalto de Piratininga- Crédito: Vallandro Keating e Ricardo Maranhão

O colonizador europeu resolveu invadir e aterrar as várzeas, aprisionar os rios paulistanos em canais e depois cimentar todos para fazer estradas e a cidade cresceu e os rios perderam suas curvas e suas várzeas. (Todos rios paulistanos “ficaram” retos, sem força de movimento, quase águas paradas!)

Os rios estão ali como a natureza determinou e com tudo impermeabilizado a terra não absorve mais as águas da chuva que buscam o curso natural e abastecem os rios que estão aprisionados que por sua vez enchem até transbordarem para suas antigas várzeas e onde os “colonizadores” construíram suas casas e jogam resíduos que deslizam com o curso natural das águas, trazendo também lama das margens, pois até a retenção vegetal foi destruída!

(Os incas, que viveram nos Andes, jamais quiseram entrar “nas terras baixas”, pois inundavam com freqüência. Essas terras eram no Brasil!)

Simplesmente a natureza recuperando seu espaço!

Vide:

(*) PONTOS DE PARADA DE VIAJANTES ORIGINARAM OS PRIMEIROS BAIRROS DE SÃO PAULO
http://patrimoniohistorico.prefeitura.sp.gov.br/pontos-de-parada-de-viajantes-originaram-as-primeiras-freguesias-de-sao-paulo/

FOTOS DE ENCHENTES NA CIDADE DE  SÃO PAULO
Créditos: em pesquisa